domingo, 18 de março de 2012

O Abismo da Morte


Por que ter medo da morte? Enquanto somos, a morte não existe, e quando ela passa a existir, nós deixamos de ser.
Não me recordo o dia, mas sei que chorei... Quando minha mãe entrou no quarto e me disse que você havia partido, eu não acreditei. Precisei de tempo pra entender que a partir daquele momento, você nunca mais estaria comigo fisicamente, que nunca mais poderia lhe tocar, te levar pra passear, te dar banho... Que nunca mais você ficaria do meu lado nos meus momentos de tristeza, de medo, de tédio e saudade. Você foi meu melhor amigo, não por me dar conselhos ou me dizer o que fazer, pois isso não era possível, mas pelo simples fato de ficar ao meu lado e de me mostrar o que é fidelidade e companheirismo. Depois de muito pensar e de compreender o que havia acontecido, cheguei a algumas conclusões, não conclusões claras e objetivas, que me fizessem entender claramente o sentido da vida, mas conclusões que me deixaram ainda mais confusa e instigada. Você estava morto, você e tudo que vivemos estava morto e enterrado, foi como se um abismo enorme tivesse sido colocado entre nós, um abismo que se chama morte. Eu queria saber por que, queria e precisava, de algum modo, saber por que. Entre tantos e tantos cachorros, por que você, por que justo você? Não sei, e talvez nunca saiba a resposta. O mistério do enorme abismo continua, atormentando a todos com suas repentinas e inesperadas visitas. E dessas conclusões não concluídas eu só levo a certeza de que nada é certo, de que de nada temos certeza, a não ser da morte. Os momentos se foram, como as águas de um rio que não voltam mais, mas a ausência permanecerá em mim eternamente, a ausência dos momentos vividos e perdidos , das certezas e incertezas, dos medos e...até da morte.

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